As grandes navegações marcaram um período da História européia no qual os horizontes se alargaram enormemente. Dentre outros eventos, nessa época, encontrou-se o "fim" do continente africano e entrou-se em contato com civilizações do Oriente e do Extremo Oriente. No século XVI, uma expedição espanhola liderada pelo português Fernão de Magalhães comprovaria que a terra é redonda, através da viagem de circunavegação. No entanto, não se deve perder de vista o sentido maior dessa expansão marítima para os europeus: obter riquezas.
Transição da Idade Média à Idade Moderna
Na Idade Média – espaço temporal compreendido entre os séculos V ao XV –, a Europa foi marcada pelo sistema feudal de produção. O período é dividido em Alta Idade Média e Baixa Idade Média.
- Alta Idade média (séc. V-XI) - Época na qual a Europa ocidental sofreu sucessivas invasões dos povos germânicos (também chamados "bárbaros"). Essas invasões, ocorridas entre os séculos IV e V, contribuíram para a decadência do antigo Império Romano e foram responsáveis por profundas alterações políticas, sociais, e culturais. Além disso, durante o século VIII, houve também a dominação dos povos árabe-muçulmanos, que ocuparam até o século XV a Península Ibérica.
- Organização política - Poder político descentralizado, distribuídos entre o rei, os membros da nobreza e o alto clero. Cada feudo constituía uma unidade política autônoma baseada, governada pelo senhor feudal.
- Economia - Essencialmente agrária fundamentada na agricultura de subsistência sem grandes excedentes para comercialização. A terra era considerada a principal fonte de riqueza. Em conseqüência das crises geradas pelas invasões e pela ocupação do mar Mediterrâneo pelos árabe-muçulmanos, ocorreu no período o quase desaparecimento das atividades comerciais e do uso da moeda.
- Sociedade - Era basicamente rural e estamental com funções bem definidas para os seus três principais grupos sociais. O clero, que cuidava da fé; a nobreza, responsável pela defesa do território; e os camponeses ou servos, que trabalhavam a terra.
- Cultura – Pode dizer que a sociedade medieval era teocêntrica, ou seja, essa sociedade concebia Deus como centro do universo e a razão de todas as coisas. Dessa forma, a Igreja determinava os modos de pensar e de viver das pessoas e os fenômenos naturais eram explicados pela fé.
- A Baixa Idade Media (séc. XII-XV) - Resultado de diversos processos históricos, a partir do século XI, houve um reflorescimento do comércio na Europa ocidental. Dentre esses, destacam-se a renovação das práticas agrícolas (o arado de ferro, a foice, a enxada, o aproveitamento da água e do vento como força motriz), que permitiram um aumento da produção, e consequentemente, o crescimento demográfico. A expansão das áreas produtivas gerou um excedente agrícola que estimulou o crescimento do comércio. Aos poucos, a atividade comercial aumentou, tornando necessária a expansão da quantidade de moedas para facilitar as trocas. O antigo comércio, realizado entre a Europa ocidental e o Oriente, foi aos poucos reativado com o movimento das Cruzadas (expedições religioso-militares cristãs contra os muçulmanos do Oriente Médio - séc. X-XIII), o que acabou por se constituir em uma via de acesso ao comércio mediterrâneo. Em seguida, a Península Itálica passou a ter o monopólio desse comércio. No século XV, os últimos árabes-muçulmanos foram expulsos da Europa e do mar Mediterrâneo nas lutas da Guerra de Reconquista travadas na Península Ibérica. Essa Guerra esteve diretamente ligada à luta dos cristãos para recuperar os territórios ocupados pelos mouros (muçulmanos), e só teve fim em 1492. No continente europeu, as feiras, antes provisórias, tornaram-se permanentes e algumas deram origem aos burgos (cidades), permitindo, além disso, a emergência de um novo grupo social, a burguesia mercantil. Tais acontecimentos passaram a constituir o chamado Renascimento comercial e urbano. A partir de então, os servos passaram cada vez mais a abandonar as áreas feudais e a se dedicar a novas atividades econômicas.
- Do feudalismo ao Antigo Regime – Desde o século XIV, o feudalismo já apontava sinais de decadência. Com o crescimento das cidades e do comércio, a relação feudal entre senhor e servo começou a perder força. Ao mesmo tempo, os reis, que procuravam concentrar em suas mãos o poder político, também começaram a entrar em choque com os senhores feudal. Seguiu-se um longo período de lutas e guerras entre os reis e a nobreza feudal. Os reis obtiveram o apoio financeiro da burguesia e conquistaram o monopólio do uso legítimo da força. Centralizando o poder e transformando reinos politicamente fragmentados em nações unificadas, que assumiram as políticas de monarquias nacionais. Na Europa ocidental a sociedade feudal deu lugar à sociedade do Antigo Regime. Nesse sistema de governo, os nobres e o alto clero perdem parte do poder, mas ainda assim, continuam como grupos dominantes na sociedade. As monarquias, agora centralizadas, passam a concentrar grande poder na mão dos reis.
O surgimento de Portugal se deu no contexto da Guerra de Reconquista. Das diversas casas nobres que tomaram parte nessa luta, uma delas foi a de Borgonha, que fundou o condado Portucalense. Em 1139, esse condado foi declarado emancipado de Castela sob o nome de Portugal. Os reis desta dinastia incentivaram a colonização interna do país, estimulando a libertação dos servos, transformando-os em trabalhadores assalariados, ou em pequenos proprietários. As atividades comerciais também foram estimuladas. No reinado de Afonso IV (1325-1357) a pesca foi estimulada, e se transformou no setor mais dinâmico da economia propiciando o desenvolvimento dos centros urbanos do litoral, onde surgiu uma poderosa burguesia. Além disso, a casa de Borgonha limitou o poder da nobreza, com a Lei de Sesmarias e incorporou novas terras aos domínios do rei. Assim, no final do século XIV, só as propriedades da Igreja podiam se equiparar as da realeza. Dessa forma, Portugal se afirmava, antes da Espanha e de outras nações, como um dos primeiros Estados europeus a efetuar a centralização administrativa e a unificação nacional.
- A vocação comercial - Logo, a região ganharia importância comercial, por ser entreposto marítimo entre as duas principais regiões mercantis da Europa: as cidades do Norte da Itália e a região de Flandres (atual Holanda, Bélgica e parte do Norte da França).
- A Revolução de Avis (1385) - O reino de Castela, no entanto, considerava Portugal como um condado vassalo. Uma disputa pelo trono português, colocou em luta dois grupos antagônicos: de um lado a grande nobreza portuguesa (almejando mais poder), que defendia a união com Castela, de outro, a burguesia mercantil, a pequena nobreza, a população urbana e do campo que defendiam que a Coroa fosse entregue a Dom João, mestre da ordem militar de Avis, irmão ilegítimo do rei. A luta foi decidida com a ajuda do dinheiro dos burgueses ricos de Lisboa e do Porto, tornando Dom João rei de Portugal. Essa resolução deu a Portugal a consolidação de sua independência e pôs fim ao feudalismo no país.
- Expansão Marítima – Com o incentivo da coroa, Portugal passou a ser a primeira nação moderna a expandir seus limites por meio das grandes navegações. A expansão marítima teve início em 1415 com a tomada de Ceuta (cidade muçulmana no Norte da África) e atendia aos interesses da nobreza e da burguesia. Em seguida, Portugal parte em direção às ilhas atlânticas e ao continente africano, em busca de riquezas, em especial, de metais preciosos.
- Tratado de Tordesilhas - O segundo país europeu a se expandir para o Atlântico foi a Espanha (unificada em 1469). Esse país viria a ―descobrir‖ a América em 1492. Com a entrada dos espanhóis no ciclo das grandes navegações, criou-se um conflito diplomático entre Espanha e Portugal pela posse das terras conquistadas e a conquistar. A questão foi resolvida com o Tratado de Tordesilhas, de 1494, que estabelecia uma linha imaginária passando, a 370 léguas a Oeste das ilhas de Cabo Verde, dividindo o Novo Mundo em duas partes, uma para Portugal, outra para a Espanha. As terras ao leste desse meridiano seriam de Portugal; as restantes pertenciam à Espanha.
- O comércio indiano - Desde o início, Portugal conheceu grande sucesso na expansão marítima. Encontrou minas de ouro e prata na África, desenvolvendo ali um importante comércio. Ainda, em 1498, descobriu o Caminho para as Índias, região onde viriam a se localizar os principais entrepostos comerciais portugueses no ultramar. Esse foi o período de maior prosperidade na história de Portugal. Como exemplo disso, de 1500 a 1520, chegou por ano a Portugal, cerca de 200 kg de ouro africano, e, até 1530, esse país teve o monopólio sobre a exploração do ouro africano e sobre o comércio indiano.
Fonte: Pré-vestibular Vetor
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