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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Joaquim Nabuco: Política com "P" grande


Marco Maciel
De Brasília (DF)

Apresentei, em 2007, projeto propondo 2010 como o Ano Nacional Joaquim Nabuco, em comemoração ao primeiro centenário do seu falecimento, e que se converteu na Lei nº 11.946/2009.
Escritor, diplomata e homem público exemplar, Joaquim Nabuco fez Política com "P" grande, por que a viveu como uma missão: a da abolição não só da escravatura, mas também a de seus efeitos negativos, que iriam perdurar durante muito tempo no Brasil.
Foi um dos líderes abolicionistas, o que o projetou de Pernambuco ao Rio de Janeiro e a missões de grande importância no exterior, sem nunca esquecer a terra natal.
No capítulo "Massangana" do livro de memórias Minha Formação, considerado um de seus clássicos, escreveu, entre suas páginas antológicas: "O traço todo da vida é para muitos um desenho de criança esquecido pelo homem, mas ao qual ele terá sempre que se cingir sem o saber. (...) Pela minha parte acredito não ter nunca transposto o limite das minhas quatro ou cinco primeiras impressões. (...) Os primeiros oito anos da vida foram assim, em certo sentido, os de minha formação, instintiva ou moral, definitiva. (...) Passei esse período inicial, tão remoto, porém, mais presente do que qualquer outro, em um engenho de Pernambuco, província natal."
Naquela idade, viu morrer sua madrinha querida e teve de voltar ao Rio de Janeiro, para ficar ao lar de seu pai, senador e Ministro da Justiça, a quem retrataria em Um Estadista do Império, obra que o imortalizou.
Joaquim Nabuco era a terceira geração de políticos nacionais na família: seu avô, homônimo do pai, José Tomás Nabuco de Araújo, tinha sido governador (presidente de província) e senador. Sua filha, Carolina, em A vida de Joaquim Nabuco, relata como ele só aceitou ingressar na política, prosseguindo a carreira paterna, para defender a causa mais importante daquele tempo: o abolicionismo, a caminhada libertária iniciada por José Tomás Nabuco de Araújo, Ministro da Justiça sob o Primeiro-Ministro Visconde do Rio Branco, quando preparou a Lei do Ventre Livre, a primeira das leis abolicionistas.
A Lei Eusébio de Queirós, ao proibir a importação de escravos, tentara evitar que a escravatura continuasse se alastrando, porém não encaminhava sua extinção. Joaquim Nabuco percebeu que a abolição jurídica formal não bastava. Em Minha Formação, frisa a necessidade da instrução dos escravos; e, em discurso às vésperas da Lei Áurea, destaca a importância da reforma agrária para dar acesso à propriedade rural.
Joaquim Nabuco, deputado, foi também a favor da eleição direta dos candidatos ao Poder Legislativo nos seus vários níveis, e defendeu o voto do analfabeto.
Realizada sua missão parlamentar, iniciada em 1879 e concluída em 1888, a Proclamação da República devolveu-o à vida diplomática. Foi servir na Legação do Brasil em Londres, como titular da primeira Embaixada do Brasil.
Em suas estadias no Brasil participou da fundação da Academia Brasileira de Letras, sendo o primeiro secretário-geral na presidência inaugural de Machado de Assis.
Na Embaixada nos Estados Unidos, tornou-se o principal colaborador do Ministro das Relações Exteriores, o Barão do Rio Branco, na política pan-americana de aproximação entre aquele país, o Brasil e a América Hispânica.
Faleceu em Washington em 1910 aos sessenta anos de idade. O ano de 2010 foi, assim, excelente tempo de refletirmos a perenidade da sua obra e seu legado libertário e liberal, sempre vivo na História Brasileira.

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