Esse projeto foi idealizado pelo milionário norte americano
Daniel Keith Ludwig. Ele mandou construir uma fábrica de celulose no Japão, na
cidade de Kobe, usando tecnologia finlandesa da cidade de Tampere, foram
construídas duas plataformas flutuantes com uma unidade para a produção de
celulose e outra para a produção de energia. A unidade de energia produzia 55
megawatts e era alimentada por óleo BPF a base de petróleo com opção para
consumo de cavacos de madeira. Após viajar milhares de km, as plataformas foram
levadas até o Rio Jari.
A Amazônia é um lugar
fascinante, considerada a floresta tropical com a maior biodiversidade do
mundo, é dotada de recursos vitais para manter o equilíbrio do planeta. Ainda
assim, por trás de toda essa grandiosidade, ela também guarda muitas outras
riquezas, algumas até desconhecidas pelo próprio homem. Dentro deste contexto,
é que em 1967 o empresário norte-americano Daniel Keith Ludwig vislumbrou a
instalação da empresa Jari Celulose, na divisa entre os estados do Amapá e do
Pará, com o objetivo de desenvolver um polo agroindustrial na região, que no
final das contas, resultou apenas na produção de celulose e no desenvolvimento
de uma sede muito bem estruturada, na região de Monte Dourado.
Daniel Ludwig foi um
verdadeiro visionário, sendo um dos primeiros a ver a Amazônia como uma
potencia para o desenvolvimento de projetos de grande porte. Primeiramente ele
adquiriu uma grande área rural, na região entre os estados do Amapá e do Pará,
seguindo o curso do rio Jari, com um total de 16 mil km², o equivalente ao
Estado de Sergipe ou 10 cidades de São Paulo. Foi um dos maiores proprietários
rurais do planeta naquela época. Para a instalação do empreendimento, ele
mandou construir no Japão uma fábrica de celulose, utilizando tecnologia
finlandesa. Foram feitas duas plataformas flutuantes, uma para a produção de
celulose e a outra para a produção de energia. Enquanto a fábrica estava em
construção no Japão, na Amazônia o local destinado para a sua implantação
estava sendo preparada, a fundação da futura fábrica foi toda feita por
estacas, para que quando a mesma chegasse, fosse apenas assentada sobre as
estacas, já que viria toda montada. Em 1978, após o término da construção da
fábrica, as duas plataformas foram rebocadas do Japão para a região Amazônica,
numa distancia de 25 mil quilômetros, que durou 53 dias, e essa viagem ficou
bastante conhecida na época.
Muitas outras atitudes
foram tomadas para poder propiciar a melhor instalação da fábrica, já que a
região não era dotada de nenhuma forma de infraestrutura para abrigar um
empreendimento de tal grandiosidade; foi necessária a construção de portos,
ferrovia e 9 mil quilômetros de estradas. No local também foi planejado a implantação
de um projeto de reflorestamento, além de perspectivas de atividades com
mineração, pecuária e agricultura, porém a fábrica atuou apenas na produção da
celulose.
Entre outras medidas que
a implantação da fábrica solicitou, estava a construção de uma cidade para os
trabalhadores, batizada de Beiradão. E o desenvolvimento de uma sede, no
município de Monte Dourado, que fica no Estado do Pará, mas com terras
contíguas do projeto abrangendo partes dos dois Estados (Amapá e Pará). A área
onde se localizava a sede da fábrica foi totalmente beneficiada pela instalação
da mesma, através de casas para os trabalhadores, escola, posto médico, ginásio
de esportes e áreas de lazer que faziam parte do cenário da comunidade.
O projeto tinha tudo
para dar certo, se não fossem os inúmeros erros de planejamento da equipe
técnica, que ignoraram o solo pobre da Amazônia e não pensaram no fluxo
migratório que a implantação da fábrica traria para a região. O solo da região
só propiciou o plantio de árvores para a produção de celulose e a cidade dos
trabalhadores, Beiradão, tornou-se uma imensa favela sobre palafitas. Em 1982,
após investimentos exorbitantes na região, Ludwig se viu obrigado a se desfazer
de sua ambiciosa ideia e vendeu a Jari celulose.
Em 2000, a Jari Celulose
passou a ser controlada pelo Grupo Orsa, e Monte Dourado obteve as vantagens do
destino da venda da fábrica, já que a que a Jari Celulose não somente tornou-se
economicamente viável, como também mostrou-se sustentável, recebendo
certificação em 2004 pelo Forest
Stewardship Council, uma ONG que atesta
o bom manejo de florestas.
Grandes recursos,
hectares a perder de vista, investimentos financeiros e então prejuízos. A
história da Jari Celulosa implantada da região de Monte Dourado, na Amazônia
Brasileira, foi uma dentre tantas outras que mostram as tentativas em obter
lucro através da implantação de megaprojetos, mas tiveram suas perspectivas
frustradas pela falta de planejamento adequado e, é claro, pelas dificuldades
em atuar na maior floresta do mundo.
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