Não seria
exato pensar que o estado das fontes escritas do continente africano antes do século XV seja de extrema pobreza, mas a verdade é
que, no conjunto, a África é menos provida que a Europa e a Ásia. Todavia,
enquanto em uma grande parte do continente não existem fontes escritas, nas
regiões restantes o conhecimento histórico é possível e baseia-se – no caso do
Egito – numa documentação excepcionalmente rica. Isso significa que uma
exploração rigorosa e atenta desses textos
ainda pode contribuir muito, embora não se possam esperar grandes descobertas.
É preciso que nos dediquemos com urgência a todo um trabalho de crítica
textual, de reedição, de confrontação e de tradução, já iniciado por alguns
pioneiros e que deve ser continuado.
Por outro lado, ainda que nossas fontes
tenham sido redigidas no quadro de culturas “universais”, cujo ponto focal se
situa fora da África – culturas “clássicas”, cultura islâmica – têm a vantagem
de ser em sua maioria comuns a todos podendo ser lidas numa perspectiva
africana, mantidas as devidas ressalvas quando diante de qualquer pressuposto
ideológico. Isso é particularmente verdadeiro para o caso das fontes árabes,
que continuam sendo a base essencial de nosso conhecimento. Sua exterioridade
relativa ou absoluta em relação a seu objeto não diminui em nada seu valor, a
não ser pela distância. Não obstante devam ser reconhecidas as diferenças
socioculturais, é fato que essas fontes valorizam uma certa solidariedade de
comunicação africana, à qual, até agora, islamistas e africanistas nem sempre
têm se mostrado sensíveis.
* O texto faz parte da coleção História Geral da África, disponível em sua íntegra no site do Ministério da Educação.
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