A Segunda Guerra Mundial (1939-1945) deixou uma herança perversa para os países da Europa e demais regiões beligerantes da Ásia. Cerca de 40 milhões de mortos só na Europa, destruição de cidades e campos de cereais, por exemplo. Mas, seu principal legado pode ser considerado o fim da importância política das nações europeias e a bipolarização do mundo, ou seja, a divisão do planeta em dois pólos políticos de atração, liderados pelos Estados Unidos da América (EUA) de um lado e pela União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) do outro.
A bipolarização do mundo, no qual dois países (EUA e URSS) exerciam fortes influências sobre os demais países, foi um período de conflitos e hostilidades que ficou conhecido como Guerra Fria, perdurando de 1947 a 1991.
Por sua vez, a origem dos desentendimentos entre EUA e URSS está relacionada com os acordos entre os países vencedores da Grande Guerra antes mesmo dela ter terminado. Nas Conferências de Yalta (fevereiro de 1945) e de Potsdam (julho de 1945 – a guerra só terminou em agosto de 1945), os grandes líderes se reuniram para organizar o equilíbrio de poder na Europa recém destruída. Os representantes dos países beligerantes vitoriosos queriam deixar assegurados seus interesses estratégicos, econômicos e garantir áreas de influência tanto na Europa quanto no resto do mundo.
A divisão em dois blocos ficou explícita a partir de 1947, quando o presidente dos Estados Unidos, Harry Trumam (1884-1972), em vários pronunciamentos, criticava a URSS, expressando a necessidade de conter o avanço do comunismo no mundo, declarando o confronto ideológico entre as duas superpotências, fato que ficou conhecido como doutrina Trumam.
Neste período (década de 1940), os Estados Unidos e a União Soviética passaram a ser chamados de superpotências, ou seja, super Estados, seja por seu poder militar, econômico ou pela dimensão territorial.
Você pode se perguntar: por que deram o nome de Guerra Fria ao período histórico que estamos estudando, que vai de 1945 a 1991?
O termo “Guerra Fria” deve-se ao fato dos Estados envolvidos (EUA/URSS) nunca terem se enfrentado diretamente. Havia somente a expectativa, os confrontos ideológicos, entretanto, eram frequentes os alarmes e prontidões.
De forma simplificada, a Guerra Fria já foi explicada como o resultado de um confito entre um sistema político livre e outro autoritário; ou entre Oeste (EUA) e o Leste (URSS); a luta entre duas formas de organização econômica antagônicas, de um lado o capitalismo (representado pelos EUA) do outro o socialismo (representado pela URSS).
Mas qual teria sido o significado da Guerra Fria para países do chamado Terceiro Mundo, como: Brasil, Venezuela, Argélia ou Vietnã?
CAPITALISMO: regime econômico que se caracteriza pela posse privada da propriedade dos meios coletivos de produção e distribuição, pela livre concorrência e pela procura do lucro (que é o motor da economia). As empresas produzem para o mercado, ou seja, para aqueles que podem pagar. Isto aumenta a riqueza de um pequeno grupo e aumenta a desigualdade das condições humanas da maioria da população em nível nacional e internacional. Historicamente, o capitalismo evolui tomando formas diferentes: capitalismo comercial, industrial, financeiro, imperialista, etc.
SOCIALISMO: as correntes socialistas aparecem em reação contra a teoria e práticas do liberalismo-econômico, segundo o qual o livre jogo das atividades individuais asseguraria o progresso da sociedade e o bem público. Para os socialistas, o progresso da sociedade e o advento de um mundo mais justo só poderiam realizar-se através da ação coletiva e voluntária dos indivíduos. O pensamento socialista apresenta algumas características, como: a posse coletiva dos meios de produção, a nacionalização da economia, dirigida pelo Estado através de uma planificação visando satisfazer a necessidade de todos e construir uma sociedade mais justa, também. (Adaptado de: BIROU, 1982, p. 56-57 e 378 - 379.)
A ideologia da Guerra Fria era conveniente para os americanos e soviéticos, pois ela contribuía e/ou justificava a dominação das superpotências sobre os países do Terceiro Mundo. Por exemplo, na Nicarágua, os EUA afrmaram que os soviéticos faziam parte do movimento sandinista, servindo de justificativa para agredir o pequeno país. Do mesmo modo, a URSS invadiu o Afeganistão alegando a presença norte-americana.
Geralmente os Estados Unidos e a União Soviética não se envolviam diretamente em conflitos, mas enviavam armas, ajuda financeira e logística, o que poderia definir os conflitos, que se davam em outras regiões, longe de seus territórios, em guerras localizadas, em países da África, da Ásia e na América Latina (como foi o caso da Coréia e do Vietnã), ou em guerras de libertação nacional, originadas no processo de independência, das colônias africanas e asiáticas.
Era esta situação que defnia a Guerra Fria, pois as duas superpotências nunca se enfrentavam diretamente.
A partir de 1949, foram criados órgãos de defesa coletiva, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), com países da Europa Ocidental mais o Canadá, e liderada pelos EUA. Do lado soviético foi criado o Pacto de Varsóvia ou Tratado de Assistência Mútua da Europa Oriental, com o mesmo objetivo.
Além da forte propaganda ideológica desenvolvida nos dois blocos, a Guerra Fria foi fortemente marcada pela corrida armamentista, principalmente pela posse e controle de armas nucleares. Após os Estados Unidos terem demonstrado o poder das armas que tinham em mãos, ao detonarem bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945, pensou-se que outras nações teriam acesso a essa tecnologia, e em 1949, a URSS conseguiu explodir sua primeira bomba nuclear, instituindo o equilíbrio do terror, visto que as duas nações tinham poder para destruir uma à outra de forma definitiva, ou o choque entre ambas poderia destruir o mundo.
Apesar da rivalidade entre as superpotências, a Guerra Fria foi marcada mais pela contenção do que agressão. Passado o período de tensão inicial, foi estabelecido a coexistência pacífica, para designar o estado latente de confito contínuo pela intenção de paz e para assegurar a condição de distensão.
Fonte: História / vários autores. – Curitiba: SEED-PR, 2006. – p.400
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