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terça-feira, 23 de agosto de 2011

Cultura: Um Conceito Antropológico - Roque Laraia

Por Rejane Ferreira *


Da natureza da cultura ou da natureza à cultura
Para iniciar as discussões, Laraia faz um breve histórico sobre o desenvolvimento do conceito de cultura. Para isso, cita Heródoto, que considerava os costumes dos lícios diferentes de "todas as outras nações do mundo", onde este estava tomando como referência a sua própria sociedade patrilinear, agindo de uma maneira etnocêntrica, embora ele tenha teoricamente renegado esta postura.

O padre José de Anchieta (1534-1597), ao contrário de Heródoto, se surpreendeu com os costumes patrilineares dos índios Tupinambá e escreveu aos seus superiores: 

“Porque têm para si que o parentesco verdadeiro vem pela parte dos pais, que são agentes; e que as mães não são mais que uns sacos, em respeito dos pais, em que se criam as crianças, e por esta causa os filhos dos pais, posto que sejam havidos de escravas e contrárias cativas, são sempre livres e tão estimados como os outros (p12)”. 

Laraia faz referência também a Montaigne (1533-1572), que procurou não se espantar em demasia com os costumes dos Tupinambás, afirmando não ver nada de bárbaro ou selvagem no que diziam a respeito deles, porque na verdade, cada qual considera bárbaro o que não se pratica em sua terra. E assim comentou a antropofagia dos Tupinambás: “Não me parece excessivo julgar bárbaros tais atos de crueldade, mas que o fato de condenar tais defeitos não nos leve à cegueira acerca dos nossos”. 

Assim, desde a Antiguidade, foram comuns as tentativas de explicar as diferenças de comportamento entre os homens, a partir das variações dos ambientes físicos. Como o fez Marcus V. Pollio, arquiteto romano, quando afirmou enfaticamente que 

“os povos do sul têm uma inteligência aguda, devido à raridade da atmosfera e ao calor; enquanto os das nações do Norte, tendo se desenvolvido numa atmosfera densa e esfriados pelos vapores dos ares carregados, têm uma inteligência preguiçosas”.). 

Contudo, explicações deste gênero não foram suficientes para resolver o dilema proposto, tanto é que D'Holbach replicava em 1774: “Será que o sol que brilhou para os livres gregos e romanos emite hoje raios diferentes sobre os seus degenerados descendentes?”.

A isso Laraia responde dizendo que para constatar a existência dessas diferenças não é necessário retornar ao passado, nem mesmo empreender uma difícil viagem a um grupo indígena, localizado nos confins da floresta amazônica ou em uma distante ilha do Pacifico. Basta comparar os costumes de nossos contemporâneos que vivem no chamado mundo civilizado.

Enfim, conclui Laraia, as diferenças de comportamento entre os homens não podem ser explicadas através das diversidades somatológicas ou mesológicas. Tanto o determinismo geográfico como o determinismo biológico, foram incapazes de resolver o dilema proposto, a conciliação da unidade biológica e a grande diversidade cultural da espécie humana.


1. O Determinismo Biológico 
Para Laraia, são velhas e persistentes as teorias que atribuem capacidades específicas inatas a "raças" ou a outros grupos humanos. Contudo, os antropólogos estão totalmente convencidos de que as diferenças genéticas não são determinantes das diferenças culturais. Segundo Felix Keesing, 

"não existe correlação significativa entre a distribuição dos caracteres genéticos e a distribuição dos comportamentos culturais. Qualquer criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada desde o início em situação conveniente de aprendizado".

Nesse sentido, enfatiza Laraia, o comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo que chamamos de endoculturação. Um menino e uma menina agem diferentemente não em função de seus hormônios, mas em decorrência de uma educação diferenciada.

2. O Determinismo Geográfico 
O determinismo geográfico considera que as diferenças do ambiente físico condicionam a diversidade cultural. Estas teorias, que foram desenvolvidas principalmente por geógrafos no final do século XIX e no início do século XX, ganharam uma grande popularidade. Como Huntington, em seu livro Civilization and Climate (1915), no qual formula uma relação entre a latitude e os centros de civilização, considerando o clima como um fator importante na dinâmica do progresso.

A partir de 1920, antropólogos como Boas, Wissler, Kroeber, entre outros, refutaram este tipo de determinismo e demonstraram que existe uma limitação na influência geográfica sobre os fatores culturais. E mais: que é possível e comum existir uma grande diversidade cultural localizada em um mesmo tipo de ambiente físico.

Nesse sentido, Laraia diz que não é possível admitir a idéia do determinismo geográfico, ou seja, a admissão da "ação mecânica das forças naturais sobre uma humanidade puramente receptiva". A posição da moderna antropologia é que a "cultura age seletivamente", e não casualmente, sobre seu meio ambiente, "explorando determinadas possibilidades e limites ao desenvolvimento, para o qual as forças decisivas estão na própria cultura e na história da cultura". 

Por conseguinte, continua Laraia, as diferenças existentes entre os homens não podem ser explicadas em termos das limitações que lhes são impostas pelo seu aparato biológico ou pelo seu meio ambiente. A grande qualidade da espécie humana foi a de romper com suas próprias limitações.

3. Antecedentes históricos do conceito de cultura 
O conceito de Cultura - todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade - foi definido pela primeira vez por Edward Tylor (1832-1917).

Já em 1690, John Locke (1632-1704), ao escrever Ensaio acerca do entendimento humano, procurou demonstrar que a mente humana não é mais do que uma caixa vazia por ocasião do nascimento, dotada apenas da capacidade ilimitada de obter conhecimento, através de um processo que hoje chamamos de endoculturação.

Em referência a John Locke, Laraia cita o antropólogo americano Marvin Harris (1969) que expressa bem as implicações da obra de Locke para a época: “nenhuma ordem social é baseada em verdades inatas, uma mudança no ambiente resulta numa mudança no comportamento”. 

Para Jacques Turgot (1727-1781), o homem é capaz de assegurar a retenção de suas idéias eruditas, comunicá-las para outros homens e transmiti-las para os seus descendentes como uma herança sempre crescente.

Jean Jacques Rousseau (1712-1778), seguiu os passos de Locke e de Turgot ao atribuir um grande papel à educação, chegando mesmo ao exagero de acreditar que esse processo teria a possibilidade de completar a transição entre os grandes macacos (chimpanzé, gorila e orangotango) e os homens.

Em 1950 Kroeber escreveu que "a maior realização da Antropologia na primeira metade do século XX foi a ampliação e a clarificação do conceito de cultura". 

Laraia faz a ressalva, no entanto, de que as centenas de definições formuladas após Tylor serviram mais para estabelecer uma confusão do que ampliar os limites do conceito. Tanto é que, em 1973, Geertz escreveu que o tema mais importante da moderna teoria antropológica era o de "diminuir a amplitude do conceito e transformá-lo num instrumento mais especializado e mais poderoso teoricamente".

Nesse sentido, continua Laraia, no período que decorreu entre Tylor e a afirmação de Kroeber, em 1950, o monumento teórico que se destacava pela sua excessiva simplicidade, construído a partir de uma visão da natureza humana, elaborada no período iluminista, foi destruído pelas tentativas posteriores de clarificação do conceito. Por conseguinte, a reconstrução deste momento conceitual, a partir de uma diversidade de fragmentos teóricos, é uma das tarefas primordiais da antropologia moderna.

4. O desenvolvimento do conceito de cultura 
Ao falar sobre os conceitos de cultura, Laraia, diz que para entender Tylor, é necessário compreender a época em que viveu e conseqüentemente o seu fundo intelectual. Pois o livro de Tylor foi produzido nos anos em que a Europa sofria o impacto da Origem das Espécies, de Charles Darwin, e que a nascente antropologia foi dominada pela estreita perspectiva do evolucionismo unilinear.

Por detrás de cada um destes estudos predominava, então, a ideia de que a cultura desenvolve-se de maneira uniforme, de tal forma que era de se esperar que cada sociedade percorresse as etapas que já tinham sido percorridas pelas "sociedades mais avançadas". Desta maneira era fácil estabelecer uma escala evolutiva que não deixava de ser um processo discriminatório, através do qual as diferentes sociedades humanas eram classificadas hierarquicamente, com nítida vantagem para as culturas europeias. Etnocentrismo e ciência marchavam então de mãos juntas.

A principal reação a essa corrente evolucionista, então denominada método comparativo, inicia-se com Franz Boas (1858-1949). Ele propôs, em lugar do método comparativo puro e simples, a comparação dos resultados obtidos através dos estudos históricos das culturas simples e da compreensão dos efeitos das condições psicológicas e dos meios ambientes. Em outras palavras, Boas desenvolveu o particularismo histórico (ou a chamada Escola Cultural Americana), segundo a qual cada cultura segue os seus próprios caminhos em função dos diferentes eventos históricos que enfrentou. A partir daí a explicação evolucionista da cultura só tem sentido quando ocorre em termos de uma abordagem multilinear.

Continuando as discussões, Laraia cita as principais contribuições de Alfred Kroeber (1876-1960), para a ampliação do conceito de cultura, dizendo que a cultura, mais do que a herança genética, determina o comportamento do homem e justifica as suas realizações. Nesse sentido, o homem age de acordo com os seus padrões culturais. Além disso, o homem consegue adaptar-se aos ambientes biológicos, por isso foi capaz de romper as barreiras das diferenças ambientais e transformar toda a terra em seu habitat. Assim, a cultura é um processo acumulativo, resultante de toda a experiência histórica das gerações anteriores. Este processo limita ou estimula a ação criativa do indivíduo.

Assim sendo, conclui Laraia, ao referir-se ao instinto humano, a comunicação é um processo cultural. Mais explicitamente, a linguagem humana é um produto da cultura, mas não existiria cultura se o homem não tivesse a possibilidade de desenvolver um sistema articulado de comunicação oral.

5. Ideia sobre a origem da cultura 
Laraia apresenta o pensamento de diversos autores sobre a origem da cultura, explicações de natureza física e social. Como Claude Lévi-Strauss, que considera que a cultura surgiu no momento em que o homem convencionou a primeira regra, a primeira norma. 

Para alguns pensadores católicos, preocupados com a conciliação entre a doutrina e a ciência, o homem adquiriu cultura no momento em que recebeu do Criador uma alma imortal. E esta somente foi atribuída ao primata no momento em que a Divindade considerou que o corpo do mesmo tinha evoluído organicamente o suficiente para tornar-se digno de uma alma e, conseqüentemente, de cultura.

Por fim, Laraia conclui dizendo que a cultura desenvolveu-se simultaneamente com o próprio equipamento biológico e é, por isso mesmo, compreendida como uma das características da espécie, ao lado do bipedismo e de um adequado volume cerebral. Em outras palavras, a cultura desenvolveu-se simultaneamente com o equipamento fisiológico do homem.

6. Teorias modernas sobre cultura 
Laraia procura sintetizar os principais esforços da antropologia moderna na reconstrução do conceito de cultura. Para isso, utiliza o esquema elaborado pelo antropólogo Roger Keesing em seu artigo "Theories of Culture", no qual classifica as tentativas modernas de obter uma precisão conceitual.

Keesing refere-se, inicialmente, às teorias que consideram a cultura como um sistema adaptativo. Difundida por neo-evolucionistas como Leslie White. Em segundo lugar, faz referência às teorias idealistas de cultura, que subdivide em três diferentes abordagens. A primeira delas é a dos que consideram cultura como sistema cognitivo, produto dos chamados "novos etnógrafos".

A segunda abordagem é aquela que considera cultura como sistemas estruturais, ou seja, a perspectiva desenvolvida por Claude Lévi-Strauss, "que define cultura como um sistema simbólico que é uma criação acumulativa da mente humana. A última das três abordagens, entre as teorias idealistas, é a que considera cultura como sistemas simbólicos. Esta posição foi desenvolvida nos Estados Unidos principalmente por dois antropólogos: o já conhecido Clifford Geertz e David Schneider.

Para Geertz, todos os homens são geneticamente aptos para receber um programa, e este programa é o que chamamos de cultura. Geertz considera ainda que a antropologia busca interpretações. Com isto, ele abandona o otimismo de Goodenough que pretende captar o código cultural em uma gramática; ou a pretensão de Lévi-Strauss em decodificá-lo.

Laraia, parafraseando Murdock (1932) conclui: "Os antropólogos sabem de fato o que é cultura, mas divergem na maneira de exteriorizar este conhecimento".

Como opera a cultura 
1. A cultura condiciona a visão de mundo do homem 
Laraia salienta o fato de que quando o homem vê o mundo através de sua cultura tem como conseqüência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais.

Assim, continua Laraia, a dicotomia "nós e os outros" expressa em níveis diferentes essa tendência. Dentro de uma mesma sociedade, a divisão ocorre sob a forma de parentes e não-parentes. Os primeiros são melhores por definição e recebem um tratamento diferenciado. A projeção desta dicotomia para o plano extragrupal resulta nas manifestações nacionalistas ou formas mais extremadas de xenofobia.

2. A cultura interfere no plano biológico 
Na discussão sobre a atuação da cultura sobre o biológico, Laraia refere-se ao campo das doenças psicossomáticas, dizendo que estas são fortemente influenciadas pelos padrões culturais. Muitos brasileiros, por exemplo, dizem padecer de doenças do fígado, embora grande parte dos mesmos ignorem até a localização do órgão. Entre nós são também comuns os sintomas de mal-estar provocados pela ingestão combinada de alimentos. Quem acredita que o leite e a manga constituem uma combinação perigosa, certamente sentirá um forte incômodo estomacal se ingerir simultaneamente esses alimentos. 

Assim, Laraia, diz que a cultura também é capaz de provocar curas de doenças, reais ou imaginárias. Estas curas ocorrem quando existe a fé do doente na eficácia do remédio ou no poder dos agentes culturais. 

3. Os indivíduos participam diferentemente de sua cultura 
Laraia começa por afirmar que a participação do indivíduo em sua cultura é sempre limitada; nenhuma pessoa é capaz de participar de todos os elementos de sua cultura.

Ainda segundo o autor, qualquer que seja a sociedade, não existe a possibilidade de um indivíduo dominar todos os aspectos de sua cultura. Isto porque, como afirmou Marion Levy Jr., "nenhum sistema de socialização é idealmente perfeito, em nenhuma sociedade são todos os indivíduos igualmente bem socializados, e ninguém é perfeitamente socializado. Um indivíduo não pode ser igualmente familiarizado com todos os aspectos de sua sociedade; pelo contrário, ele pode permanecer completamente ignorante a respeito de alguns aspectos".

Assim, conclui Laraia, o importante, porém, é que deve existir um mínimo de participação do indivíduo na pauta de conhecimento da cultura a fim de permitir a sua articulação com os demais membros da sociedade.

4. A cultura tem uma lógica própria 
Segundo o autor, todo sistema cultural tem a sua própria lógica e não passa de um ato primário de etnocentrismo tentar transferir a lógica de um sistema para outro. Infelizmente, a tendência mais comum é de considerar lógico apenas o próprio sistema e atribuir aos demais um alto grau de irracionalismo. Nesse sentido, a coerência de um hábito cultural somente pode ser analisada a partir do sistema a que pertence. Consequentemente, as explicações encontradas pelos membros das diversas sociedades humanas, portanto, são lógicas e encontram a sua coerência dentro do próprio sistema.

Por conseguinte, conclui Laraia, entender a lógica de um sistema cultural depende da compreensão das categorias constituídas pelo mesmo. Como categorias entendemos, como Mauss, "esses princípios de juízos e raciocínios constantemente presentes na linguagem, sem que estejam necessariamente explícitas, elas existem ordinariamente, sobretudo sob a forma de hábitos diretrizes da consciência, elas próprias inconscientes”.

5. A cultura é dinâmica 
Para Laraia existem dois tipos de mudança cultural: uma que é interna, resultante da dinâmica do próprio sistema cultural, e uma segunda que é o resultado do contato de um sistema cultural com um outro.

No primeiro caso, a mudança pode ser lenta, quase impercebível para o observador que não tenha o suporte de bons dados diacrônicos. O ritmo, porém, pode ser alterado por eventos históricos tais como uma catástrofe, uma grande inovação tecnológica ou uma dramática situação de contato. O segundo caso pode ser mais rápido e brusco.

Para Laraia, como a cultura tem um caráter dinâmico, este segundo tipo de mudança, além de ser o mais estudado, é o mais atuante na maior parte das sociedades humanas. Pois é praticamente impossível imaginar a existência de um sistema cultural que seja afetado apenas pela mudança interna.

Assim, conclui Laraia, cada sistema cultural está sempre em mudança. Entender esta dinâmica é importante para atenuar o choque entre as gerações e evitar comportamentos preconceituosos. Da mesma forma que é fundamental para a humanidade a compreensão das diferenças entre povos de culturas diferentes, é necessário saber entender as diferenças que ocorrem dentro do mesmo sistema. Este é o único procedimento que prepara o homem para enfrentar serenamente este constante e admirável mundo novo do porvir.


Considerações Finais 
Cultura: um conceito antropológico, de Roque Laraia mostra ao leitor de forma clara e simples as discussões sobre a construção do conceito de cultura. 

O livro divide-se me duas partes: a primeira, que se refere ao desenvolvimento do conceito de cultura a partir das manifestações iluministas até os autores modernos; a segunda demonstra como a cultura influencia no comportamento social e diversifica a humanidade, apesar de sua comprovada unidade biológica. 

Onde o autor faz citações de Confúcio e Heródoto, que muitos séculos antes de Cristo já se preocupavam com os modos de comportamentos existentes entre os povos. Que o autor procura explicar dando-nos exemplos de várias sociedades e cada uma delas com diferentes comportamentos entre os homens que não podem ser explicados através das diversidades somalógicas e mesológicas. 

Para Laraia, nem o determinismo geográfico, nem o biológico foram capazes de solucionar os problemas com as diferenças entre os homens. O que mostra que qualquer criança pode ser educada em qualquer cultura, desde que seja colocada em situação conveniente de aprendizado. E fala também, que pode existir uma grande diversidade cultural dentro de uma mesma cultura. 

Segundo Laraia, Edward Tylor será o primeiro a definir cultura a partir de um ponto de vista antropológico. Entretanto, as definições formuladas após Tylon serviram mais para estabelecer confusão do que esclarecer limites de conceitos. 

Na epistemologia da cultura Laraia busca interpretar em diversos autores, como Lévi-Straus, que convencionou a primeira regra, a primeira norma como o início da cultura; e White, que diz que a passagem do estado animal para o humano ocorreu quando o cérebro foi capaz de gerar símbolos. 

O autor discorre como os indivíduos de culturas diferentes vêem o mundo de maneira diferente. Fazendo ressalvas para a tendência denominada de etnocentrismo, que é responsável por inúmeros conflitos por uma cultura pensar que é melhor que a outra. Por fim, Laraia diz que se viver em qualquer cultura é necessário conhecer o mínimo dela.

Referência:
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um conceito antropológico. 14ª ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.


* É acadêmica da Universidade Federal do Amazonas

3 comentários:

  1. Boa tarde! Gostaria se possível a página onde consta a afirmação de Laraia a respeito de que "um menino e uma menina agem diferentemente não em função de seus hormônios, mas em decorrência de uma educação diferenciada."
    Concordo plenamente que a genética não tem poder para determinar o comportamento cultural de uma pessoa, no entanto acho simplista demais afirmar que os hormônios não tem nenhum domínio sobre o comportamento diferenciado de homens e mulheres, inclusive no que diz respeito a cultura. A BBC mostrou a algum tempo atrás um documentário sobre um menino que foi criado como menina desde bebê, em função de um acidente que mutilou seu orgão genital. Mesmo com orientação psicologica, a criança desde pequena mostrou seus "instintos" masculinos, instintos esses que vieram com força total na puberdade, quando os hormônios sexuais estão elevados e que fizeram os pais contarem a verdade sobre sua sexualidade. A frase do(a)adoslescente ao saber foi: "agora está explicado tudo que eu sentia", ou seja, o fato de não gostar de bonecas, de não ser delicada, de não gostar de vestidos, maquiagem, de se comportar de forma masculinizada.
    Me corrija se eu fiz uma interpretação errônea da afirmação de Laraia a esse respeito.

    Abraços
    ATé!

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    Respostas
    1. Essa afirmação do Laraia deve estar baseada nos estudos de Margaret Mead do livro "Sexo e temperamento em três sociedades primitivas" (1935). Nesse livro a autora apresenta três tribos distintas com diferentes formas de organização social e de distinção de genero. Ao longo do texto, a autora expõe a tese de que os comportamentos das crianças são influenciados pela socialização, que varia de acordo com a cultura. As distinções sexuais se dariam devido os valores sociais e não devido fatores biológicos. A autora chega a demonstrar que em sociedades que não há distinções sociais entre homens e mulheres, não existem homosexuais.
      Se tiver interesse, da uma olhada no livro.

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