As etapas da revolução socialista
Toda época tem suas etapas. As etapas são períodos prolongados de tempo em que a relação de forças entre as classes em luta se mantém constante. O fato de que vivemos uma época revolucionária a nível mundial desde 1917 não significa que nestes últimos 66 anos sempre tenha estado o proletariado numa ofensiva revolucionária. Como em toda luta, existem períodos em que o inimigo contra-ataca e retoma a ofensiva. Neste caso, pode dar-se uma etapa de ofensiva ou contra-ataque contra-revolucionário burguês, dentro da época da revolução operária e socialista.
Desde a revolução russa passamos por três grandes etapas:
1) A etapa da ofensiva revolucionária da classe operária: inicia-se com a revolução russa e se estende com sucessivas revoluções: a alemã, a húngara, a chinesa, a turca, etc. A única que consegue triunfar é a russa (1917-23).
2) A etapa da contra -revolução burguesa: insinua-se com o primeiro triunfo contra-revolucionário burguês: o fascismo italiano; consolida-se claramente com a vitória do hitlerismo na Alemanha, que derrota o proletariado mais organizado do mundo, e culmina com a derrota da revolução espanhola e com a ofensiva militar do nazismo na segunda guerra mundial,vitoriosa até 1943 (1923-43).
3) A nova etapa revolucionária: inicia-se com a derrota do exército nazista em Stalingrado e abre um período de revoluções triunfantes que se estende até o presente.
A primeira delas é a iugoslava, passa por sua máxima expressão na chinesa e teve sua última vitória (no sentido de que se expropria a burguesia e se constrói um estado operário), até agora, no Vietnã, em 1974.
Chamamos esta etapa de "revolução iminente", porque, diferente da etapa aberta com a revolução russa, cujo impacto se resumiu a alguns países da Europa e do Oriente, na presente etapa a revolução eclode e ocasionalmente triunfa em qualquer parte do globo: nos países semicoloniais ou coloniais (China, Vietnã, Cuba, Irã, Angola e etc.) Nos próprios países imperialistas (ainda que somente nos mais débeis, como Portugal) e nos estados operários (Hungria, Polônia).
As etapas e situações mundiais e nacionais
Todos os termos ou categorias que os marxistas utilizam,como época, etapa e situação, são relativos ao que estamos definindo. Já vimos que pode haver, uma etapa contra-revolucionária dentro de uma época revolucionária a nível mundial. Porém, a revolução é um fenômeno mundial que se desdobra em revoluções nacionais.
Disto tiramos que pode haver e há contradições entre a etapa que se vive a nível mundial e as etapas que atravessam diferentes países. Por exemplo, nesta etapa de revolução iminente que vivemos a nível mundial desde 1943, muitos países atravessaram ou atravessam etapas contra-revolucionárias a nível nacional (Indonésia, o Cone Sul latino americano, a URSS, etc) Outros países mantiveram-se em etapas de pouca luta de classes, de equilíbrio na relação de forças entre o proletariado e a burguesia, quer dizer, etapas não-revolucionárias (quase todos os países imperialistas e muitos semicoloniais). E outros que já mencionamos, finalmente, que são os que marcam a dinâmica, o signo da etapa revolucionária, atravessaram etapas revolucionárias que levaram ao triunfo da revolução, que foi abortada ou congelada, ou que foi derrotada.
Da mesma forma, dentro de uma etapa podemos encontrar diferentes tipos de situações. Uma etapa revolucionária não pode deixar de sê-lo se a burguesia não derrotar duramente, na luta, nas ruas, o movimento operário. Por6m, a burguesia, se tiver margem, pode manobrar, pode convencer o movimento operário que deixe de lutar. Assim se abriria uma situação não-revolucionária, por6m a etapa continuaria sendo revolucionária, porque o movimento operário não foi derrotado. Inclusive, a burguesia pode reprimir, sem chegar aos m6todos de guerra civil, o movimento operário e impor derrotas que o fazem retroceder, abrindo uma situação reacionária, porém continuaria estando dentro da etapa revolucionária. Por exemplo, o governo de Gil Robles, que ocorreu no meio da revolução espanhola, iniciada em 1931, foi um governo reacionário que reprimiu duramente o proletariado e criou uma situação reacionária.
Porém, ao não ser derrotado o conjunto do movimento operário espanhol, a etapa continuou sendo revolucionária. A melhor prova disso é que poucos anos depois estourou a guerra civil.
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