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quinta-feira, 7 de julho de 2011

Imigração japonesa: Amazonas

A imigração japonesa no Brasil começou no início do século XX, através de um acordo entre o governo japonês e o brasileiro. Atualmente, o Brasil abriga a maior população japonesa fora do Japão com cerca de 1,5 milhão de nikkeis

Por Ayume Matsui

Os primeiros imigrantes japoneses no Brasil

Apesar do nítido preconceito contra imigrantes asiáticos, a partir de 1908, o governo brasileiro passou a aceitar a entrada de imigrantes japoneses.
Com o começo da Segunda Guerra Mundial a imigração explodiu. Entre os anos de 1917 e 1940 mais de 163 mil japoneses vieram para o Brasil.
Pouco antes da Segunda Guerra Mundial o Japão não possuía mais terras a serem desfrutadas, a quantidade de população era enorme e então o governo do Japão começou a cortar as famílias que possuíam mais de um filho, a família que possuísse apenas um filho iria ter condições boas para criá-lo, iria ter todo o apoio e ajuda do governo.
Um acordo foi estabelecido entre o Imperador Hirohito e o presidente Getúlio Vargas. Como no Brasil havia uma carência de mão-de-obra para os cafezais e o Japão tinha uma população muito grande, o Brasil iria acolher os Japoneses.
Com isso, muitas famílias vieram para o Brasil (não podiam imigrar solteiros, só com as famílias). Esses imigrantes eram chamados de Koutakuseis. Primeiramente para o Rio de Janeiro e São Paulo, depois para a Vila Amazônia, nas proximidades de Parintins, no Estado do Amazonas, de onde eles poderiam ser enviados para vários municípios, onde produziriam morango, chá, arroz, e, principalmente, a juta, que foi roubada em 1932 da Índia por Ryota Oyama (engenheiro agrônomo), pois naquela época a saída das sementes daquele país não era permitida.

Navio kasato Maru chegada dos primeiros imigrantes japoneses ao Brasil
  

Japoneses na Amazônia

Antes de imigrarem para o Estado do Amazonas, em 1926 chegava a delegação de pesquisa “Fukuhara”, que tinha como objetivo escolher os locais apropriados à introdução dos colonos japoneses no Estado do Pará.
O governo paraense cedeu 1,030 milhões de hectares de terras devolutas para a Companhia Nipônica de Plantações do Brasil, a serem divididas entre aqueles que desejassem dedicar-se ao cultivo do solo.
Ao saber disso, o governador do Amazonas na época, Efigênio Salles, solicitou ao embaixador do Japão que os trabalhos da delegação se estendessem até o Amazonas. O interesse do governo amazonense em atrair imigrantes japoneses estava no fato de que, com o fim do ciclo da borracha, eram necessárias novas técnicas de cultivo e a introdução de novos produtos agrícolas que se estabelecessem como fonte para o desenvolvimento econômico do estado, como havia acontecido em São Paulo.
No dia 2 de janeiro de 1930, chegaram ao Amazonas os primeiros japoneses, conforme solicitação de Efigênio Salles. Esses imigrantes dirigiram-se para Maués, onde se dedicaram ao cultivo do guaraná. Entretanto, em 1941, uma epidemia de malária matou várias famílias, fazendo com que esses japoneses se dirigissem para a colônia japonesa na Vila Amazônia, próxima a Parintins. Porém, antes da chegada desses japoneses ao local, lá estavam outros colonos: os koutakusseis. Que haviam sido mandados nas primeiras remessas antes da Segunda Guerra Mundial.
 A primeira turma de koutakusseis chegou a Vila Amazônia em 20 de junho de 1931 e contava com 38 pessoas. Desse grupo de pioneiros, hoje, somente dois ainda estão vivos. A região viveu uma fase de expansão graças à plantação de juta. Havia armazéns, escolas, hospital (para onde se dirigiam pessoas de Belém e Parintins), e o “hakko kaikan” (templo).
Como o passar do tempo acabaram fincando raízes mais profundas e cada qual foi conseguindo suas terras. As diversas tribos de índios acabaram “dando” terras para vários imigrantes.
Mas a vinda dos Japoneses não foi tão bem vista por uma boa parte da população brasileira. Por isso, o decreto nº 383 de 18 de abril de 1938 determinou que os estrangeiros não poderiam participar de atividades políticas, formar qualquer tipo de associação, falar línguas estrangeiras em público ou usá-las como língua de alfabetização de crianças. Esse decreto acabou prejudicando a comunidade japonesa, pois a grande maioria sequer compreendia o português. A partir de então, a entrada de imigrantes japoneses ficou cada vez mais difícil.
Em plena Segunda Guerra Mundial, o ministro da Justiça Francisco Campos, em 1941, defendeu a proibição do ingresso de 400 imigrantes japoneses em São Paulo escrevendo: "seu padrão de vida desprezível representa uma concorrência brutal com o trabalhador do país; seu egoísmo, sua má-fé, seu caráter refratário, fazem deles um enorme quisto étnico e cultural localizado na mais rica das regiões do Brasil".
Com o início da guerra, os imigrantes japoneses foram obrigados a sair da Vila Amazônia, entre outras razões, pela perseguição que começaram a sofrer, já que o Japão lutava contra o grupo dos aliados, do qual o Brasil fazia parte. Muitos foram presos e a Vila Amazônia ficou como espólio de guerra, ou seja, pertencente ao governo.
Em setembro de 1942, a Companhia Industrial Amazonense foi desapropriada e, em abril de 1946, seu patrimônio foi leiloado, sendo arrematada por uma empresa de processamento de juta, beneficiamento de arroz, fabricação da farinha de mandioca, serraria, etc., que era sediada em Manaus. Hoje, a única lembrança que restou da vila dos imigrantes japoneses é o cemitério. Estima-se que, dos 230 japoneses que vieram para a Amazônia, existam, no mínimo, 5 mil descendentes. E, muitos deles ainda continuam praticando a agricultura na Colônia Japonesa, em Manaus.

Referência: Revista Planeta, março de 2008.



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