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segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Dom João e o Brasil: um paralelo entre a história e a atualidade


Dom João e o Brasil: um paralelo entre a história e a atualidade


A vinda da corte portuguesa, que completou 200 anos, está despertando renovado interesse, traduzido em obras, como 1808, do jornalista Laurentino Gomes, programas de TV, reportagens e artigos. E quanto mais as pesquisas detalham os acontecimentos e costumes da época, mais nítida parece a relação entre aqueles fatos e a realidade atual.

Alguns dados impressionam, como o número de pessoas que embarcaram junto com a família real: de 10.000 a 15.000. Todos vivendo às custas dos cofres públicos, é claro. Cofres que, por sinal, estavam em situação deplorável. O tesouro da coroa, já combalido antes da fuga para o Brasil, terminou por aluir-se com as despesas da viagem. A realeza, falida, socorreu-se de comerciantes ricos, principalmente traficantes de escravos, obtendo financiamentos em troca de títulos de nobreza e cargos públicos e inaugurando oficialmente a promiscuidade entre interesses públicos e privados. Que, aliás, sobrevive até hoje.


A escassez de recursos, contudo, não impedia que os responsáveis pelos setores administrativos do governo ficassem ricos da noite para o dia, revelando mais uma instituição permanente na história da gestão pública brasileira, a corrupção.


Um costume pitoresco da época era a cerimônia do “beija-mão”. Todas as noites, com exceção de domingos e feriados, súditos aguardavam em fila para beijar a mão do rei e, de quebra, fazer um pedido pessoal. É a imagem síntese do governo paternalista e assistencialista, a cuidar de interesses particulares, em vez de tratar do bem comum. Nada muito diferente do que os governos costumam fazer ainda hoje.


O paralelo entre história e atualidade é percebido também no contraste entre o conjunto formado por uma corte atrasada, uma nobreza perdulária e administradores corruptos e, de outro lado, a prosperidade econômica resultante da abertura dos portos, da liberação da indústria, da construção de estradas e do desenvolvimento do comércio. Em outros momentos da nossa história, essa disparidade, em que o crescimento econômico compartilha o mesmo espaço que a indigência política, de alguma forma se repete.


No Estado Novo, o desenvolvimento da indústria acompanhava-se do populismo político. No regime militar, a economia crescia, enquanto cidadãos eram torturados nos porões das delegacias. No início dos anos 90, a abertura econômica forçava a melhoria da competitividade da indústria nacional, no tempo em que PC Farias comandava seu esquema de corrupção. E, há pouco, enquanto conciliavam-se a estabilidade econômica e a retomada do crescimento, o mensalão fazia a festa de parlamentares.


Ao rever esses aspectos históricos, é preciso concordar com Hegel, quando afirmou que a história se repete. A primeira vez como tragédia, a segunda como farsa, emendou Karl Marx. Ou vice-versa, poder-se-ia acrescentar.


Disponível em: http://www.administradores.com.br

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